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SIN/UFG realiza Curso de Capacitação em Relações Étnico-Raciais e de Gênero: Ações de prevenção a violências e discriminações na Universidade

No dia 07 de agosto de 2023, foi iniciado o Curso de Capacitação em Relações Étnico-Raciais e de Gênero: Ações de prevenção a violências e discriminações na Universidade, na plataforma Moodle Ipê.

Este curso resulta de uma demanda de formação oriunda das Coordenações de Inclusão, instituídas de maneira piloto nas Unidades Acadêmicas da instituição. O curso é uma iniciativa da Secretaria de Inclusão da UFG, sendo ministrado pela diretora de mulheres e diversidades, a professora Kellen Cristina Prado da Silva. O intuito é fomentar reflexões profundas e vivências enriquecedoras acerca das relações étnico-raciais e de gênero, com o objetivo principal de prevenir situações de violências e discriminações dentro do ambiente universitário.
De acordo com a professora Luciana de Oliveira Dias, Secretária de Inclusão da UFG, “A realização do curso expressa a necessidade de formação continuada de servidores que estão diretamente implicados nas situações de combate às discriminações no âmbito da Universidade. O curso revela ainda a importância da formação e sensibilização intra-universidade, por seu potencial de constituição de interações sociais radicalmente anti-discriminatórias e equânimes”.
O primeiro encontro presencial ocorreu em 10 de agosto, no auditório Marielle Franco da Faculdade de Ciências Sociais, no Campus Samambaia da UFG.

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SOBRE O CURSO
O programa do curso, com carga horária total de 60 horas, visa assegurar aos servidores e servidoras da UFG conhecimentos sobre raça e gênero, buscando a desconstrução de práticas discriminatórias e promovendo uma compreensão profunda dos determinantes do preconceito. Além disso, o curso tem como propósito a construção coletiva de estratégias de mudança comportamental nas relações étnico-raciais e de gênero, contribuindo para a criação de um ambiente institucional respeitoso, solidário e diversificado.
Para atingir esses objetivos, o curso emprega uma metodologia que combina diversas ferramentas de interação, tais quais o ambiente virtual de aprendizagem, com destaque para o Moodle, que é utilizado para a realização de fóruns de discussão, vídeo-aulas e repositórios de materiais didáticos. Nas oficinas presenciais, os participantes partilham experiências, vivências e se engajam na busca por alternativas para minimizar situações de preconceitos e discriminações.
As 60 horas do curso estão divididas em 16 horas de oficinas vivenciais presenciais e 44 horas na modalidade à distância. As oficinas vivenciais proporcionam uma experiência prática e participativa, acontecendo às terças e quintas-feiras, sendo divididas em duas turmas: uma no Câmpus Colemar Natal e Silva e outra no Câmpus Samambaia. Já no formato a distância, as interações acontecem via Google Meet e Moodle Ipê.

VIDAS PERDIDAS, MEMÓRIAS SILENCIADAS
O conteúdo do curso foi elaborado para abranger tópicos essenciais como racismo e antirracismo no contexto brasileiro, desigualdades, preconceitos, relações raciais, identidade e expressão de gênero, orientação sexual e os avanços nos movimentos feministas e transfeministas a partir de materiais didáticos e até mesmo vivências individuais, afinal, como pontua Lélia Gonzalez, ao estudar o lugar social ocupado pelas mulheres negras na sociedade brasileira: “O lugar em que nos situamos determinará nossa interpretação sobre o duplo fenômeno do racismo e do sexismo” (1984, p. 224).
Durante o primeiro encontro, os participantes tiveram a oportunidade de se conhecer e mergulhar em discussões profundas sobre preceitos e discriminações que historicamente moldaram a sociedade em relação à população negra.

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O texto de Lélia Gonzalez serviu como base, proporcionando um contexto embasado e provocativo para a primeira oficina vivencial. Em seu manuscrito, Lélia Gonzalez traz à tona a importância de reaver a memória e a história das mulheres negras, que frequentemente foram excluídas dos relatos oficiais. Ademais, a autora introduz a análise das estruturas de poder e do discurso dominante que perpetuam a discriminação racial e de gênero. Essas reflexões possibilitam que os participantes examinem criticamente as instituições sociais e explorem maneiras de desafiar e transformar essas estruturas.
O filme “Menino 23 (Infâncias Perdidas)” também foi referência nesse primeiro momento. Este audiovisual é baseado em fatos reais e apresenta a história de meninos negros submetidos a condições desumanas de trabalho forçado nas décadas de 1930 e 1940. A narrativa acessada é uma oportunidade de recuperar parte da história brasileira muitas vezes negligenciada e sensibilizar os participantes do curso sobre as atrocidades cometidas contra a população negra. É estabelecida uma ponte entre passado e presente ao evidenciar que as questões raciais e de gênero não são exclusivas de um período histórico distante, mas continuam a influenciar a sociedade contemporânea, possibilitando a compreensão dos participantes sobre a relevância de discutir e prevenir as violências e discriminações nos dias atuais.
Diversos outros textos e conteúdos audiovisuais serão utilizados ao longo do curso, a fim de proporcionar diferentes percepções das relações raciais e de gênero e fortalecer os debates nas oficinas vivenciais.

COMPROMISSO COM A INCLUSÃO
O Curso de Capacitação em Relações Étnico-Raciais e de Gênero demonstra o compromisso da Secretaria de Inclusão da Universidade Federal de Goiás (SIN/UFG) com a diversidade, a inclusão e a conscientização e a responsabilização pela mudança que se quer. Ao trazer à tona questões cruciais e proporcionar ferramentas para a desconstrução de preconceitos, a SIN/UFG se posiciona como uma Secretaria que busca ativamente uma sociedade mais respeitosa, solidária, plural e com justiça social. Esse curso não é apenas uma capacitação, mas sim um passo significativo em direção a um futuro mais igualitário e justo para todas as pessoas.

 

 

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, 1984, p. 223-244.

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